III CONGRESSO NACIONAL DA CONTRASP APONTA CAMINHOS ESTRATÉGICOS PARA O FUTURO DA SEGURANÇA PRIVADA

Nos dias 18 e 19 de setembro, a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Atividade Profissional dos Empregados na Prestação de Serviços de Segurança Privada (Contrasp) realizou, na capital paulista, o III Congresso Nacional dos Trabalhadores em Segurança Privada, evento que consolidou-se como o maior espaço de debates e construção coletiva da categoria.

Sob o lema “O Presente e o Futuro da Segurança Privada: Conquistas e Desafios”, o congresso reuniu dirigentes sindicais, especialistas, advogados e representantes da Polícia Federal em um ambiente de reflexão, troca de experiências e definição de estratégias.

Tecnologia e qualificação: o desafio da Inteligência Artificial

A abertura trouxe à tona um tema que já impacta diretamente o mundo do trabalho: a Inteligência Artificial (IA). O especialista Thiago Fonseca (9001 Digital) destacou como a IA já é aplicada em monitoramento inteligente, reconhecimento facial e análise de imagens em tempo real, aumentando a eficiência, mas exigindo constante qualificação dos vigilantes.

O recado foi claro: a tecnologia não substitui o vigilante, mas redefine seu papel. A categoria precisa estar preparada para adaptar-se às novas demandas, transformando a inovação em aliada, e não em ameaça.

Proteção social e sustentabilidade: o debate sobre Seguro de Vida

No segundo painel, o presidente do Grupo Vuit, Alam Valmorbida, apresentou um panorama estratégico do seguro de vida no setor da segurança privada, tema fundamental em uma profissão marcada por altos riscos.

Valmorbida apontou cenários de mudanças regulatórias, possibilidades de negociação entre sindicatos laborais e patronais e estratégias para ampliar a cobertura sem onerar excessivamente os empregadores. A ênfase foi na construção de soluções coletivas, que fortaleçam a proteção do trabalhador e assegurem equilíbrio financeiro ao setor.

Essa discussão revela que o seguro de vida não é apenas uma cláusula contratual, mas um instrumento de valorização e reconhecimento da importância do vigilante na sociedade.

Regulamentação: a palavra da Polícia Federal

Em um dos momentos mais aguardados, o delegado da Polícia Federal Dr. Cairo Costa Duarte (CGCSP/ PF) confirmou que o novo Estatuto da Segurança Privada já está em análise na Casa Civil e pode ser publicado ainda este mês.

A medida promete dar mais poder à Polícia Federal para fiscalizar empresas irregulares, aplicar multas e garantir maior proteção à categoria.

O anúncio reforçou a necessidade de que os vigilantes estejam informados e organizados, para que as mudanças regulamentares se traduzam em avanços reais na vida do trabalhador.

Avanços legislativos: a importância da pressão política

O Dr. Tadeu Moura, policial federal aposentado e assessor parlamentar da Contrasp, analisou o cenário legislativo e reforçou que nenhuma conquista se concretiza sem pressão política e mobilização sindical.

Projetos de interesse da segurança privada – desde direitos previdenciários até melhorias nas condições de trabalho – só tramitam quando há articulação ativa das entidades e participação direta dos trabalhadores. Sem engajamento, não há avanços, destacou.

Aposentadoria Especial: uma luta histórica

Na continuidade, a advogada Dra. Karen Jardim tratou do PLP 42, que garante aposentadoria especial aos vigilantes após 25 anos de contribuição e idade mínima de 48 anos, com benefício integral de 100%. Trata-se de uma luta histórica da categoria, que exige não apenas negociação política, mas também mobilização social para sensibilizar parlamentares e a sociedade sobre a exposição permanente ao risco que marca a profissão.

O congresso reforçou que a aposentadoria especial não é privilégio, mas reconhecimento da natureza diferenciada da atividade.

Sindicalismo forte: finanças, responsabilidade e combate ao preconceito

O segundo dia do congresso trouxe debates sobre a sustentação financeira das entidades sindicais, com palestra de Sérgio Luiz Leite (Força Sindical/Fequimfar), que defendeu alternativas para fortalecer economicamente as organizações de base.

Em seguida, o advogado Dr. Antônio Carlos abordou a responsabilidade subsidiária das empresas (Tema 1118), enquanto a palestrante Vanessa Novaes discutiu as estruturas do preconceito, destacando o papel do vigilante como agente social que precisa manter relações livres de estigmas e discriminações.

Esses temas reforçaram a visão de que a luta sindical vai além de salários e benefícios: envolve também ética, responsabilidade social e fortalecimento das entidades.

Encerramento com prestação de contas, mudanças estatutárias e eleição

No segundo e último dia, os delegados aprovaram, por unanimidade, a prestação de contas apresentada pelo tesoureiro José Sousa Lima, que destacou a transparência nas despesas e arrecadações da entidade.

À tarde, foram aprovadas alterações no Estatuto da Contrasp, como:

•ampliação do número de diretores;

•mandato de cinco anos;

•possibilidade de contribuição direta dos sindicatos à Confederação.

Encerrando os trabalhos, ocorreu a eleição da nova diretoria, em um pleito tranquilo e unânime.

O novo presidente eleito, João Soares, elogiou a gestão do atual presidente, Edilson Silva, reconhecendo seu esforço para manter a Contrasp unida, mesmo em cenário de dificuldades financeiras.

“Sua dedicação foi fundamental para manter a Confederação firme e abrir caminho para novos avanços”, afirmou Soares em seu discurso de posse simbólica

Análise final

O III Congresso da Contrasp consolidou-se como um marco estratégico. Ao integrar tecnologia, proteção social, legislação, responsabilidade e unidade sindical, mostrou que o futuro da segurança privada depende da capacidade de articulação política e da força coletiva da categoria.

A mensagem central é inequívoca: nenhuma conquista virá sem organização, pressão e mobilização.

A luta por direitos, valorização e reconhecimento do vigilante é permanente – e o congresso demonstrou que a categoria segue unida para enfrentar os desafios e avançar em novas conquistas.

Fonte: Contrasp

Diretores da FEPSP-RS e dos Sindicatos Filiados à CONTRASP participaram deste importante evento nacional da segurança privada.

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